A pobreza intelectual da intelligentzia portuguesa fica bem patente nas inferências produzidas no programa Expresso da Meia Noite, onde se discutiram as razões da geração à qual o Grupo Deolinda, mais a sua canção sobre a precariedade vieram dar visibilidade e despoletar uma onda, inequívoca, de reacções.
As pérolas ditas foram gritantes e exemplo de que muitos consideram esta precariedade normalíssima e aceitam-na sem sequer a questionarem.
Vicente Silva assume-se ele como um reformado e precário! Chegando à brilhante conclusão de que a “Liberdade paga-se com a precariedade”
Ficou patente também o facto de mais uma vez nos acusarem de termos um ensino superior gratuito, imputando mais uma vez aos jovens licenciados de uma maneira injusta a precariedade, em que vivemos. Esta posição foi curiosamente tomada por um dos interlocutores mais jovens, que assumiu ter tido custo zero na sua educação universitária. E a posteriori por António Dornelas que frisou que os jovens portugueses entram para o mercado de trabalho sem um empréstimo “às costas”, ao contrário de alguns jovens europeus.
Tiago Gillot reafirmou que a precariedade é transversal, recusando uma ideia de conflito geracional e que é enfrentado por grande maioria dos portugueses.
Estamos mal por decisões políticas que têm sido tomadas, consecutivamente. A precariedade não é um tema na agenda política do bloco central, isto é os principais partidos deste país, PS E PSD, que governam num sistema de rotatividade política e de uma forma concertada.
A ideia de que a nossa precariedade se deve apenas à falta de produção é errónea e usada para escamotear um problema estrutural da sociedade portuguesa.
Ficaram patentes mais acusações quer aos Deolinda, quer à geração que o grupo retrata de não termos ideia do que queremos, nem de um programa político.
Ao que parece temos expectativas altas demais para aquilo que este país nos pode oferecer ou quer oferecer. Pergunto-me então isso quer dizer que tenho que me remeter ao silêncio e ao compactuar com este sistema? Em que há não sei quantos licenciados, precários, a falsos recibos verdes? Em que as “Agências de Escravos” crescem a um ritmo alucinante? Tendo eu que levar com os lucros das mesmas estampadas nos jornais? E tudo porque tive uma educação gratuita?
Há aspectos que foram referidos como a falta de qualidade de muitas universidades portuguesas, das quais os alunos saem sem saber sequer escrever, a desadequação de programas. A questão é porque é que essas universidades continuam de portas abertas? Ou sem regulação sobre a sua qualidade?
Tiago Lomba pergunta-se como é possível o direito à progressão automática? Ora bem eu nunca progredi automaticamente, nem sei o que é que este senhor quer dizer, será que se refere ao factor C desta sociedade?
Para terminar relembro a pergunta de Tiago Gillot “não podemos propor a uma sociedade inteira para vivermos pior que antes”.
Uma coisa é certa os Deolinda vieram trazer para o centro da mesa estas questões, e essencialmente fazer crer que isto é um problema de todos nós. E que não são desculpas baratas que nos querem impingir a todo o custo, que nos farão esquecer que os trabalhadores portugueses têm direito a trabalhar em condições condignas.
Ficam aqui também os meus Parabéns ao trabalho desenvolvido pelo grupo Precários Inflexíveis!
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